quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

A DIFERENÇA

Há objetos que parecem iguais, mas são diferentes, quando examinados sob ótica científica. Outros parecem similares. Possuem o mesmo princípio. São classificados como genéricos. Padecem de confiança no mercado consumidor. Olhado com reticência, se impõe pelo preço, jamais pela confiabilidade do usuário. Há os que são recauchutados. Duram menos. Oferecem riscos maiores. São susceptíveis de acidentes. Não conseguem concorrer com marcas consagradas e aprovadas pelo tempo. Não faltam os que têm os mesmos rótulos. Trazem marcas de renome. Mas levados ao crivo da análise são declarados falsos. A olho nu nada os diferencia do produto verdadeiro. Os resultados para o consumidor são drásticos. Mortais. Contém substâncias tóxicas que matam e deixam seqüelas irreparáveis. Quem sofre os resultados do falso tem dificuldades de crer no verdadeiro.

É o que ocorre com os freqüentadores de Igrejas falsas ou administradas sob ótica humana. Ficam com seqüelas espirituais que o tempo não consegue eliminar.

A Igreja embora se pareça com empresa e tenha alguns fundamentos comuns, não pode ser administrada como empresa comum. Uma empresa, quando em crise, pode pedir concordata. A Igreja não. A empresa pode baixar o preço do seu produto e promover dias especiais de liquidação. Uma vez desovado o estoque é possível repô-lo com produtos novos ou até mesmo com outras linhas de aparelhos. Você consegue pensar numa Igreja promovendo liquidação do seu produto, o Evangelho de Cristo? Baixando o preço? Embora haja muitos mercenários no mercado oferecendo um evangelho e um cristo sem consistência. Falsificados com heresias variadas. Pense na Igreja trocando seu estoque. Repondo-o com outras pessoas. Até que a idéia não é má. Caso fosse possível trocar alguns produtos e substituí-los por outros autênticos, o trabalho cresceria. Sugiro algumas trocas. Crentes fofoqueiros. Preguiça. Sem palavra. Enrolados. Orgulhosos. Agressivos. Que só conseguem ver o negativo da vida alheia. Donos da verdade. Politiqueiros. Pecadores não alcançados pela graça. Que usam a Igreja para proveito pessoal. Murmuradores. Promotores de discórdias. Que não pagam o que devem. Mundanos. Beberrões. Parece lista de casamento de pobre. Quem se dispõe a adquirí-los? Um objeto arranhado, amassado, numa empresa tem seu preço diminuído e alguém o adquire. Na Igreja, só um louco o faria.

Uma empresa visa lucros. Não consegue sobreviver caso não os consiga. Qual o lucro da Igreja? Não há ciência humana para mensurar a rentabilidade espiritual. Nem mesmo virtual. Como calcular o lucro de um jovem que abandona o inferno das drogas? Uma criança que aprende a amar, respeitar os pais, ser temente a Deus. Não existe contabilidade, tampouco números para determinar o resultado. Pessoas que aprendem a viver em sociedade. A respeitar o semelhante. A conviver com pessoas difíceis. Conseguem perdoar e compreender, mesmo não sendo solicitadas a fazê-lo. Nenhuma ciência de administração consegue explicar tais resultados. Logo, Igreja não é empresa. Os lucros empresariais são materiais. Corrosivos. Passíveis de roubo (Mt 6:19). Os da Igreja não. São eternos (Mt 6:20). Igreja não é empresa.

Nas empresas são possíveis os balanços ao final de cada exercício. Você pode remarcar os preços. Proceder a correções contábeis. Desmobilizar patrimônio. Reavaliá-lo. Fazer acordo com o fisco e proceder a pagamentos com receitas futuras. Cabe ao empresário captar recursos de sobrevivência no mercado. A Igreja é diferente. Suas receitas são voluntárias, produtos do amor dos seus membros. Os que contribuem fazem-no exclusivamente por amor. Não há uma receita fixa. Ela oscila de acordo com a dificuldade dos seus membros. Alguém perde o emprego e passa a receber auxílio da igreja. Nem por isso a receita da Igreja cai. Outros mudam de cidade ou chegam, a Igreja sobrevive. Expande e cresce. Igreja não é empresa. Empresa investe em lucros. Igreja em vidas. Empresa se desenvolve seguindo o saber administrativo dos seus líderes, sócios ou administradores. A Igreja é movida pela ação do Espírito Santo. Seus métodos não têm parâmetros humanos. Sua ação, às vezes imperceptíveis, só pode ser mensurada na eternidade.

Empresa tem composição diversificada. De uma S.A. a uma Ltda., outros modelos existem que se submetem ao Direito comercial. A Igreja tem modelo único. Tem dono. Exclusivo. Único. Que não divide sua propriedade com humanos. Não vende cotas ou ações. Não usa bolsa de valores. Sua cotação não sofre com a oscilação de mercado. Cristo, o Senhor e edificador da Igreja, não divide a glória de sua noiva com outros. Ai de quem manchar, denegrir ou usurpar o seu senhorio sobre a Igreja. Tentar administrá-la por métodos humanos. Não prosperará. Duro é recalcitrar contra a Igreja do Senhor.

Às vezes, e quase sempre, esquecemos esta verdade fundamental sobre a Igreja. Cremos, porque somos bem sucedidos no mundo secular, que é possível aplicar os mesmos princípios na Igreja. Podemos e devemos usá-los, mas submissos à direção do Espírito Santo. Temos a oração como recurso. A santidade como meio para ouvir a voz do Espírito. A submissão como ferramenta de trabalho. Lembrando que Cristo continua sustentando a Igreja, apesar dos homens (Ef 5:29). O melhor método para administrar a Igreja do Senhor é perguntar ao Senhor da Igreja quais projetos Ele tem para a sua noiva. Não é fácil fazê-lo, sem despir as vestes da vaidade e do orgulho pessoal.



Autor:Pastor Julio Oliveira Sanches
fonte:http://www.pastorjuliosanches.org/

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