quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

ONDE ESTAVA DEUS?

A pergunta é antiga. Tão antiga como o próprio pecado que afastou o homem de Deus. Quebrou o relacionamento entre criatura e Criador. Ela poderia ter sido feita no Éden. “Onde estava Deus”, que não impediu o primeiro casal de pecar? Por quê Deus respeitou a liberdade de sua criatura? Por quê fê-la livre, se até hoje continua ignorante quanto ao uso de sua liberdade? Castro Alves, o poeta dos escravos, em 11/06/1868 em voz D’África pergunta: “Deus! ó Deus, onde estás que não respondes!? Em que mundo, em que estrela Tu T’escondes, embuçado nos céus?” Em Navio Negreiro, 18/04/1868, sua voz desesperada pela dor gerada pela crueldade humana soa: “Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade / Tanto horror perante os céus... Existe um povo que a bandeira empresta / Pra cobrir tanta infâmia e covardia!... / E deixa-a transformar-se nessa festa / Em manto impuro Bacante fria! / Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta / Que impudente na vávea tripudia?!... / Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto, / Que o pavilhão se lave no teu pranto...”

Bandeiras continuam sendo emprestadas para colorir os jovens mortos no Iraque, no Afeganistão, no Timor Leste, na Faixa de Gaza, as vítimas do PCC no Estado de São Paulo e em muitos outros locais do nosso pequeno e triste mundo. Vítimas da natureza que geme sob a maldição do pecado (Romanos 8:22), fazem ecoar a mesma pergunta. Ela pode ser ouvida na Indonésia com o atual terremoto ou o eco dos que sobreviveram ao Tsunami de 2004. Não há um só minuto em que alguém em algum lugar pergunte: “Onde estava Deus?” Quando da morte do filho único. A perda do cônjuge querido. As vítimas daquele acidente causado pelo motorista embriagado. Como não ouvi-la nos gemidos de dor dos pais que perderam o filho dos seus sonhos para o traficante sarcástico e impune que infesta as nossas cidades? Ninguém se atreve a responder. A oferecer o endereço de Deus. Medo? Não! Por não conhecer ou temer compreender a razão de tantas desgraças. Concluir que a pergunta está mal formulada. Não é “onde estava Deus?”, mas “estamos nós no uso da liberdade que Deus nos concedeu?” Não se trata de fuga ou saída tangencial, mas de assumirmos as conseqüências dos nossos tresloucados atos, sem a intervenção Divina.

Esta a pergunta correta que o Papa Bento XVI deveria ter feito em Auschwitz, Polônia, ao visitar os monumentos às vítimas do nazismo. Deus estava onde sempre esteve. Jamais silenciou as Suas verdades. Viktor Frankl que foi discípulo de Freud, mas seguiu caminho diferente na psicologia, vítima do nazismo, diz: “Vi homens e mulheres agindo como animais. Vi homens e mulheres recitando Salmos e cantando enquanto eram conduzidos aos fornos crematórios!” Sim! Deus estava no coração dos salvos nos campos de extermínios. Não há explicação para o desvirtuamento da verdade. “Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz...” (Apocalipse 3:20). A própria Igreja se recusa ouvir a voz de Deus e praticar suas verdades. Cegou o povo com sua idolatria. Desviou seus olhos e sua mensagem da fonte da vida: Jesus.

Em “O Vigário”, peça de teatro, Roel Hochhuth, no ato V, coloca nos lábios do Dr. Lotbar Luccani, que se arrogava ser a S.S. os dominicanos da era tecnológica, diz: “Todavia, a Igreja, que durante séculos praticou o crime no Oriente, agora quer representar o papel de instância moral de uma parte do mundo. É um absurdo!... Um de nós é honesto... o outro crente. Foi a Igreja a primeira a provar que se podia queimar os homens como carvão. Somente na Espanha, e sem fornos cremáticos, vocês queimaram trezentos e cinqüenta mil pessoas. E quase todas foram queimados vivos. Para isso é preciso a ajuda de Cristo.” (p. 231).

É a falta de compromisso com o Evangelho de Cristo que levam “cristãos” a indagar “Onde está Deus?” Evangelho esmaecido por vidas não identificadas com a suprema verdade: Jesus.

A dor dos campos de concentrações. Dos milhões de famintos no mundo. Das vítimas da AIDS. Da miséria moral. Dos prisioneiros das drogas que matam os infelizes usuários e enriquece o traficante, bem vestidos nas rodas sociais, que ainda recebe encômios pelos bons serviços sociais que presta as suas vítimas, do culto à corrupção política há que fazer-nos refletir que tipo de Evangelho estamos vivendo! Por quê não levamos a sério os ensinos de Jesus. Não basta chamá-lo Senhor, Senhor, é preciso viver Suas verdades.

Pobre Papa, como líder de milhões de “cristãos”, diz não saber onde Deus estava. Como vai orientar os seus discípulos a encontrar Deus? Será que hoje ele sabe onde Deus está? Sabe qual o caminho que leva o homem ao Pai? Parece que não! Continua insistindo no culto à Maria. Aos “santos”. Salvação só através da Igreja. Veneração às imagens. Purgatório, missas e penitências confirmam que ele ainda não sabe onde Deus está.

Como faz falta a leitura da Bíblia. O seu estudo sério, sem anotações de rodapé. Sem a mescla de heresias e doutrinas humanas. Deus estava em Cristo (2ª Coríntios 5:19). Pena que Cristo não estava naqueles que geraram o nazismo. Como não está ainda hoje nos governantes que se dizem cristão, mas promovem o seu status, mediante o sangue de inocentes em guerras estúpidas. Caso tivessem real experiência com Jesus haveriam de sentir a doce voz do Mestre a repetir: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou...” (João 14:27).

Como salvos precisamos inverter a pergunta: Onde estamos nós como testemunhas de Jesus Cristo? O que estamos fazendo com sua mensagem de perdão e amor? Precisamos responder a estes questionamentos para que as gerações futuras não venham a repetir a pergunta de Bento XVI.



Autor:Pastor Julio Oliveira Sanches
fonte:http://www.pastorjuliosanches.org/

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