terça-feira, 7 de dezembro de 2010

PAIS DE ADOLESCENTES

Mais que privilégio é poder compreender o intrincado agir da natureza humana em suas múltiplas faixas etárias. Penetrar o desconhecido de cada ser e laborar propostas que apontem caminhos definidos, a serem palmilhados. Já repetimos milhares de vezes que a adolescência é um momento áureo para os pais, educadores e o próprio adolescente. A criança descobre a vida. A si mesma, como ser diferente dos demais e com reações, às vezes, não controladas. Inicia-se a entrada no mundo adulto com suas mentiras e hipocrisias. Torna-se difícil codificar a realidade, especialmente do lar, com as verdades que lhe foram transmitidas ou impostas na maioria das vezes. Mas que não funcionam na prática e na vida daqueles que as transmitem. Isto faz do adolescente um sofredor. Quase sempre solitário, embora atraído pelo grupo e comprometido com o seu agir. Na verdade o grupo impõe as regras do comportamento, mas não lhe dá soluções para suas crises existenciais. Enquanto o adolescente reflete o grupo, amedrontado com a possibilidade de não ser aceito, persiste o medo de que todos no grupo são solitários e ninguém tem solução para as angústias do outro. É o momento em que o adolescente mais precisa dos pais, a quem possa recorrer ou ser recorrido, isto é, a iniciativa da procura parte dos pais para ajudá-lo a transpor esses momentos cruciais.

O grupo “impõe” sua própria fragilidade. Oferece soluções que não solucionam. O adolescente sabe desta verdade. Pois seus “amigos” vivem os mesmos dramas de todos. Como encontrar soluções em alguém que não consegue resolver as suas próprias dificuldades?

O adolescente tem consciência dessa verdade. Sofre por si mesmo e pelo outro que não tem solução. Comparando os pais, conclui que todos são iguais, apenas residem em endereços diferentes. A atitude ou reações que toma reflete o desequilíbrio maior, o da família. Alguns não cortam mais os cabelos, como a dizer que os pais perderam a noção de limites. Outros raspam os cabelos. Parecem antagônicos, mas a mensagem é a mesma: Os pais não conseguiram administrar relacionamentos sadios dentro do lar. Há os que usam roupas dez vezes maiores do que seu manequim. E os que tentam comprimir massa corpórea em recipientes cinco vezes menores. Não é só a não aceitação do corpo em transformação, mas a mensagem de que há algo errado a seu redor. Há os que buscam tatuagem para dizer que se sentem horrorosos. Claro que se lamentarão no futuro e serão marginalizados por si mesmos e pela sociedade que os estimula a tais excessos.

Dizem com isto que não estão satisfeitos com seus corpos. Não aprenderam a valorizar e aceitar a si mesmos como pessoas especiais e únicas no universo. Os piercings são mensagens agressivas do desequilíbrio familiar. O adolescente quer ser visto. Precisa ser olhado. Admirado e odiado ao mesmo tempo. É a maneira de impor castigo punitivo a si mesmo. Carrega um profundo sentimento de culpa pelo desequilíbrio da família. Nada melhor do que a auto-flagelação. Os riscos não contam. O adolescente sabe que eles existem e os deseja como forma inconsciente de purificação da sua incapacidade em não solucionar os problemas próprios e da família. Mesmo quando “crente” ele esquece que seu corpo é templo do Espírito Santo e não pode ser mutilado. A santidade do corpo não está sujeita apenas a sua beleza externa, mas também a sua preservação e não aplicação de suplícios desnecessários. A Bíblia é clara ao defender a integridade do nosso corpo como santuário Divino. “Não fareis marcas alguma sobre vós; eu sou o Senhor” (Levíticos 19:28). Deus nos deseja íntegros, como Ele nos criou, sem nenhum acréscimo à obra perfeita da criação.

O pecado transtornou o equilíbrio humano. Gerou o descontentamento e a não aceitação de nós mesmos. No adolescente esse desequilíbrio se apresenta com maior intensidade. Até mesmo com agressividade.

Por esta razão o adolescente precisa de pais equilibrados. Que se preparem ao longo de uma jornada paterna para administrar esses conflitos com sabedoria. Lares equilibrados pela pureza e beleza do amor, conseguem passar pelas tormentas da adolescência sem grandes conflitos. Não se pode esperar chegar à adolescência para iniciar o processo de conscientização. Há que haver preparo espiritual. Intelectual (leitura de boa qualidade e literatura especializada), vida religiosa íntegra, compromisso com Cristo, exemplo de sincero relacionamento com Deus e, não haverá grandes transtornos. O exemplo de Abraão ao caminhar com o filho adolescente, convicto de que o Senhor proverá, dará aos pais subsídios valiosos para esses momentos. Mas para tê-los e saber usar é preciso caminhar com o adolescente. Isto requer tempo e dedicação. Poucos pais estão dispostos a subir o Moriá com os filhos. Preferem a indolência, a caminhar juntos.

A adolescência é um precioso momento da existência. Não só para o adolescente cristão, ao buscar firmar suas convicções espirituais. Mas também para os pais. Mediante relacionamento de sincero amor entre os cônjuges, oferecerão aos filhos a direção necessária para um viver equilibrado e saudável. Viva o amor como pais e haverá amor no coração adolescente.



Autor:Pastor Julio Oliveira Sanches
fonte:http://www.pastorjuliosanches.org/

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