A conceituação de indiferente é assaz interessante. Oferece-nos elementos para determinar com precisão o caráter de alguém. O indiferente não tem opinião firmada. Não possui nenhum princípio a ser defendido. Nenhuma causa porque lutar. É o indivíduo do “tanto faz”. Quando ouve que o rio Amazonas “há quatro bilhões de anos” corria em sentido contrário, desaguando no Pacífico, ele nem sabe que existe tal rio. Que tais probabilidades objetivam comprovar a evolução, descartando assim a existência de Deus, isto não lhe afeta. Dizer que Deus existe ou não existe, não faz diferença. Razão simples. Nem mesmo Deus consegue alterar sua indiferença.
O indiferente não questiona. Não tira lições do passado e tampouco se preocupa com o futuro. Caminha como se o Universo não existisse. Quando ouve que só no mês de outubro mais cem jovens soldados americanos morreram no Iraque, numa guerra ignorante e prepotente, isto não lhe causa nenhum sentimento. É incapaz de sofrer com as lágrimas dos familiares desses jovens. Refletir sobre a esperança e sonhos desfeitos, numa tragédia em que o pecado responde pela brutalidade humana. Não questiona que em nome de Deus barbaridades indescritíveis são praticadas.
Alguém poderia contestar afirmando que ser indiferente é uma bênção. Afinal o indiferente não desenvolve sentimentos. Não sofre com a dor alheia. As misérias da vida não lhe tocam. Está livre da recomendação de Provérbios 26:17. Numa situação moderna, não corre o risco de ser atropelado ao prestar socorro a um acidentado. Ele não vê os acidentes na vida alheia. Desconhece as lágrimas e soluços dos que são atingidos pelas desgraças da vida.
Compensa ser indiferente a muitas coisas. Mas pode um salvo por Jesus Cristo ser indiferente? Ser diferente, sim! Indiferente, não!
É da essência do Evangelho envolver-se. Impossível permanecer ou ser indiferente ao amor de Deus revelado em Cristo. O salvo sente necessidade de comunicar a verdade recebida. Contar a outros o que Cristo fez na sua vida. Como foi perdoado. A alegria contagiante que inunda a sua alma. Não dá para guardar só para si as bênçãos do Evangelho. As experiências bíblicas revelam-nos homens e mulheres testemunhando o poder do Evangelho. É André que sai à procura do irmão para dizer “achamos o Messias” (Jo 1:41). Felipe vai a Natanael com a mesma mensagem “havemos achado o cumprimento da lei, Jesus de Nazaré” (João 1:45). A samaritana esquece o cântaro junto ao poço. Esqueceu as picuinhas existentes entre os judeus e samaritanos e vai à Cidade convidar a todos para: “Vinde, vede um homem... porventura não é este o Cristo?” (João 4:29).
É Cornélio que convida os amigos para ouvir a mensagem. Algo novo seria transmitido. Por isso convidou seus parentes e amigos mais íntimos (Atos 10:24). Todos precisavam conhecer o que estava acontecendo. Os exemplos se multiplicam. Não há como ser indiferente na vida cristã. Mas isto foi no passado. Hoje vivemos a época do indiferentismo. A indiferença é o prato predileto de muitos membros da Igreja. São salvos que vivem exclusivamente para si. Pouco importa o que acontece a seu redor.
São indiferentes aos sofrimentos do irmão. Não sabem seu nome. Onde mora. Como vive. Se trabalha, passa fome ou está desempregado. Se é portador de doença incurável e não tem recursos para comprar medicamentos. Desconhecem se a Igreja ajuda ou não aos necessitados. Quem faz este trabalho. Os filhos são muitos? Será que alguns são drogados? Traficantes? Estão presos? São rebeldes? O irmão some, o indiferente desconhece o seu paradeiro. Caso morra, ele diz que infelizmente não pode comparecer ao sepultamento. Está muito ocupado para se envolver com a dor alheia. Caso transferissem o enterro para a próxima semana, ele planejaria e quem sabe, passaria no velório alguns minutos antes. O indiferente jamais reflete que um dia alguém vai ter que carregá-lo para o túmulo. Caso não o façam, alguém dará um jeito.
O indiferente não testemunha. Não evangeliza. Não oferta para Missões. Não busca o crescimento da Igreja. Não ora. Não estuda a Bíblia. Jamais participa de um culto de oração. Cristo voltará ou não? Isto não altera suas reações. É triste, mas no início da vida cristã ele era atuante. Cedeu lugar ao inimigo e foi transformado em massa informe e disforme que não altera mais a vida cristã.
O indiferentismo é doença e contagiosa. Vai matando aos poucos seus enfermos. Consome os glóbulos da fé. Enfraquece e provoca anemia espiritual. Conduz o salvo a inanição espiritual e finalmente à morte.
O Evangelho não admite indiferentismo. Evangelho é vida abundante. Jesus usou a figura de fontes cristalinas e borbulhantes para retratar o salvo. Rios d'água correrão no seu interior (João 7:38); fonte de água que salte para a vida eterna (João 4:14). É triste viver sedento e perecer indiferente, tendo ao dispor o Evangelho que é dinâmico. Vamos sair do indiferentismo
Autor:Pastor Julio Oliveira Sanches
fonte:http://www.pastorjuliosanches.org/
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