Há crises na vida que nos levam à exaustão. As forças físicas. Os planejamentos. A capacidade de raciocinar e encontrar soluções, não nos oferece saídas. A angústia domina e impede-nos de ver uma saída. São como ruas sem saídas e sem espaço para manobrar. Tentamos todas as possibilidades para concluirmos que nada funciona. Os recursos que restam são parcos ou inexistentes. O inimigo se apresenta cruel e vingativo. As lágrimas secam. Nenhum amigo aparece para redirecionar a vida. Olhamos para o alto e descobrimos que o nosso conceito de Deus é confuso. Não sabemos por onde começar. Persiste a dúvida do aguardar ou prosseguir. Esperar significa loucura. Prosseguir é desatino maior. Não há solução!
A Bíblia está repleta de histórias em que servos do Senhor chegaram à exaustão. Lutaram com todas as forças. Tomaram todas as providências viáveis. Chegaram ao fundo do poço, para concluir que não havia saída. Apenas o desespero comprovador da fragilidade e impotência humanas. Alguns concluíram pelo suicídio. A porta mais cômoda para a solução do problema. Outros resolveram dar mais um passo rumo ao impossível. Voltaram-se para Deus, não como último recurso, mas na tentativa de compreender o agir divino em nossas crises insolúveis. Conseguiram reafirmar a certeza e descobrir que o Senhor jamais deixou de controlar a situação. É Agar desesperada, sem água, abandonada, escorraçada, usada, sem rumo, que tenta não ver o fim de Ismael. “Que não veja eu morrer o menino”. Não viu a morte do filho, mas Deus abre-lhe os olhos para ver o poço d’água, preservador da vida de ambos. (Gn 21:15-19). Deus sempre tem poços d’águas para seus filhos sedentos e moribundos.
É Sansão após lutar contra os filisteus a experimentar a exaustão da sede. O perigo de sucumbir sem água. É a pergunta inquietante que todos fazemos nos momentos em que a morte nos parece ser a única certeza. “Morrerei eu, pois, agora de sede?” Sede não só de água, mas da certeza que a causa que abraçamos é a causa do Senhor. Sede que seca a esperança. Elimina as forças, já frágeis, para buscar alento. Clamamos ao Senhor. A rocha é fendida. Águas torrenciais brotam das pedras. Saciados, concluímos que ali está a fonte do que clama (Jz 15:19). Deus sempre tem águas nas duras rochas do sofrimento humano.
É Paulo, prisioneiro, a enfrentar a terrível tempestade que se abate sobre a frágil embarcação que o levaria à Roma. Os dias se passam. A incredulidade dos que deviam continuar remando cresce a cada rajada do vendaval. A conclusão de todos é objetiva “fugiu-nos toda a esperança de nos salvarmos”. Mas no meio da noite. Entre prisioneiros apavorados, um comandante que perde o controle da situação. Soldados que maquinam matar os presos. Jejum forçado. Na escuridão, o anjo do Senhor aparece ao apóstolo para dizer-lhe que o Senhor estava no comando e controle da situação. O testemunho se faz ouvir “esta noite o anjo de Deus, de quem eu sou, e a quem sirvo, esteve comigo” (At 27:20-23). Sim, Deus sempre está conosco nas tempestades da vida. Quando a esperança fenece, é possível mudar a relação. Em lugar do meu Deus, o Senhor leva-nos a inverter a ordem “o Deus de quem eu sou”, nos dá certeza que seu cuidado não falha.
É o rei Ezequias (Is. 37). Agredido. Afrontado. Faminto. Cercado por inimigos cruéis que zombam da sua fé. Escarnecem do seu Deus. Da confiança e pureza do seu culto (Is 36:7). Coloca em descrédito sua autoridade como líder. Tentam solapar a frágil esperança de seus comandados. Acuado, chega à exaustão. “Porque chegados são os filhos ao parto, e força não há para os dar à luz” (Is 37:3). É a descrição de total desalento. Os filhos ainda estão vivos. Mas morrerão com a parturiente. Ela os gerou. Sonhou em amamentá-los. Vê-los crescer. Prosperar. Mas morrerão antes de vir à luz. Faltam forças para concluir o sonho materno. Não há como encontrar soluções. É o dia da angústia. Encarar a morte, envergonhado pela afronta do inimigo.
Estará Deus no controle? Por que permite que cheguemos à exaustão? Deus ouviu a afronta do inimigo? Permitirá que seu nome glorioso seja objeto de zombaria? Sim, Deus ouviu. Já tomou todas as providências. Com amor diz a Ezequias: “Não temas à vista das palavras que ouviste. Eu, continua o Senhor, porei nele um espírito, e ele ouvirá um rumor e voltará para sua terra” (Is 37:6-7). Não pisará o meu santuário. Deus sempre defende o que lhe pertence. Restaura aqueles que chegaram à exaustão, mas não perderam a certeza que é possível trazer à luz os filhos gerados pelo Senhor.
São muitas as situações de confrontos que enfrentamos. Às vezes é preciso chegar à exaustão de todos os recursos humanos. Perder todas as esperanças de sobreviver com os nossos recursos, para permitir que prevaleça a única solução: A que vem do Senhor. Ela só se realiza quando todas as nossas possibilidades deixam de existir. Quando isto ocorre estamos preparados para ver as águas que brotam das pedras.
Autor:Pastor Julio Oliveira Sanches
fonte:http://www.pastorjuliosanches.org/
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